O Projeto Gauss oferece bolsas de estudo a jovens baixa renda que desejam ingressar em Universidades
Nascido em 2014, conforme conta Ana Carolina Salomão, egressa da Faculdade de Direito da USP e uma das colaboradoras do projeto, “O Gauss começou com quatro alunos da Escola Politécnica que perceberam a posição privilegiada deles na sociedade, por terem estudado em colégios particulares e conseguido entrar em uma Universidade tão prestigiada como a USP. Eles decidiram, então, conceder bolsas de estudos a jovens carentes para ajudá-los a obter o mesmo futuro”.
De início, a organização era chamada de “Futuro Politécnico”, sendo, na época, apenas um grupo de WhatsApp. Mais tarde, o nome foi mudado para Projeto Gauss, em referência ao importante matemático Johann Carl Friedrich Gauss, cujos estudos foram financiados pelo Duque de Braunschweig, diretor da escola onde estudava, após este perceber o seu potencial e genialidade. “Para nós, a educação tem o poder de romper o ciclo da pobreza”, diz Ana.
O primeiro desafio enfrentado foi o de achar alguém que precisasse de uma bolsa de estudos e se encaixasse nas características necessárias para recebê-la, como ser de baixa renda e de família interessada na educação. Após uma longa procura, a equipe encontrou os irmãos Arthur e Matheus, que tinham 14 e 12 anos, respectivamente, e se tornaram os primeiros bolsistas. O Projeto foi crescendo, ganhando mais voluntários e hoje atua no Distrito Federal e em Sergipe, além de São Paulo. “Foi um crescimento orgânico, à medida que as pessoas foram se aproximando, aumentamos também a arrecadação.Temos quatro bolsistas na USP e alguns outros aprovados em Universidade Federais. Conforme esses resultados positivos foram chegando, aumentamos nossa visibilidade”, relata a advogada.
O pequeno grupo de WhatsApp logo obteve o título de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), conseguindo, assim, parcerias com entes públicos.
Como trabalha o Projeto Gauss?
A base da iniciativa é o oferecimento de bolsas de estudos a estudantes baixa renda. “O Gauss banca os estudos do jovem, considerando vale transporte e vale alimentação, de maneira que não há nenhum custo para a família. Em contrapartida, ele não pode trabalhar, o seu foco tem que ser totalmente nos estudos. Cada bolsista tem dois mentores, que agem como se fossem irmãos mais velhos, dão ‘puxões de orelha’, acompanham os resultados de simulados e oferecem um amparo para enfrentar esse momento de vestibular. Diferente do que acontece com grande parte dos vestibulandos, o nossos bolsistas têm dificuldade em encontrar apoio e em entender a dificuldade de todo esse processo. Além disso, o mentor é uma ponte entre o bolsista e o projeto”, conta Ana Carolina, que já foi mentora de um recém ingresso na Faculdade de Direito da USP.
“No site, nós publicamos o edital, para o que chamamos de ‘Perfil 1’, do vestibulando já formado no colégio, e para o ‘Perfil 2’, que irá prestar o vestibulinho. Depois, divulgamos de várias formas: no boca-a-boca, nas redes sociais e por meio de uma parceria com a Secretária de Educação de São Paulo, que anuncia nas escolas da cidade”. Em relação ao processo seletivo, “os candidato realizam a inscrição e fazem uma prova de conhecimentos gerais para captar a sua capacidade de aprendizagem. Os que alcançarem os melhores resultados são selecionados e vão para uma entrevista. São entrevistados o bolsista e a família, cujo apoio é fundamental para o Projeto.”.
As bolsas de estudo são obtidas por meio de doações. Ano passado, por exemplo, foi feito um crowdfunding a fim de arrecadar dinheiro para aumentar o número de bolsas oferecidas.
Como se tornar um colaborador?
“Existe um edital para seleção de mentores para o ano de 2019”, informa Ana Salomão. Há também outras formas de participar. Atualmente,conforme o que é dito pela advogada, o projeto conta, por exemplo, com uma psicóloga, uma agência publicitária e coaching vocacional. “O Gauss precisa de gente com vontade de mudar a sociedade”, completa.
Texto por Nathalia Giannetti